O dia não lembro. O ano nem se
fala. Mas tudo começou totalmente fora do normal, como se alguém tivesse mexido
na máquina do tempo (futuro e passado atuando simultaneamente com o presente).
No centro da cidade via carros supersônicos
ao estilo dos filmes de ficção. Era incrível. O meu, no entanto, apesar da
potência veio a ficar com o pneu furado na tarde movimentada daquele dia e
naquela avenida – av. Rui Barbosa. Só me restou voltar para casa a pé.
Ao chegar a minha residência (que
era a casa da minha vó Helena), tudo ainda estava como antes. Perfeito! Minha
vó caminhando pelo corredor como era de costume, o meu avô enxergando tudo e
minha família com o “time” completo.
Agora subo para o andar mais
alto. E lá de cima vejo os convidados de meu tio se deslumbrando do cenário, da
natureza que se via lá dos altos. E algo que me intrigava era que desse andar
se podia, em questões de passos, parar na frente do rio, mais precisamente em
cima do trapiche da orla. Lembrando: a casa da minha vó ficava na av. São
Sebastião. Algo estranho acontecia.
Desci, então, para o trapiche com
o intuito de tirar foto da paisagem que se formava, e ao chegar lá me encontrei
com uma ex-namorada de meu primo que tinha o mesmo objetivo. Mas a partir
desse momento o cenário virava do avesso. O que estava bom começava a piorar.
Algo assustador estava por vir.
As ondas dos rios começaram a ficar
mais fortes, o pôr do sol que era o alvo das lentes fotográficas se puseram
numa velocidade nunca vista. E o navio, que também fazia parte da paisagem,
girou em sentido oceano e partiu. Partiu e intensificou as ondas que acabaram
tomando conta do trapiche por completo. Só nos restava voltar para casa
imediatamente.
Ao chegar lá, o dia ficou noite
em segundos, e do andar da casa de minha vó o cenário já não era o mesmo, nem
as pessoas. Do alto, eu e mais três primos presenciávamos um desastre. A partir
daquele momento as ondas “engoliam” praticamente toda a cidade. O rio vinha
colocando tudo para debaixo d’água. Estava vendo centenas de pessoas morrendo e
meu último desejo naquele momento era de dizer “eu te amo” para minha namorada
antes de morrer, mas esse desejo estava morrendo
também. Tentei ligar, mas o celular já nem sinal dava, e a única coisa que me
passou na cabeça era de que não ia mais poder vê-la, e dessa vez para todo
sempre. O desespero batia, as ondas a cada minuto mais perto, já não tinha mais
o que fazer, não tinha mais a quem pedir, a morte já vinha ao meu encontro a
poucos metros, a era na Terra estava acabando....Mas, de repente, num abrir de olhos o sol invade as brechas da
janela de meu quarto e me desperta de um pesadelo exatamente no dia 31 de Maio
de 2013.
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